sábado, novembro 26, 2005

o lado bom das coisas

roendo unhas de frente para o mar.

segunda-feira, novembro 07, 2005

fria curitiba

Dou-me o prazer de um trago apesar da tosse cheia de catarro. Hoje andei pela fria Curitiba, era bem cedo, as ruas ainda vazias, antigas construções habitadas apenas pelas velhas pombas dividindo espaço com as sombrias estátuas com suas expressões de vitória sofrida, carregando em seu fortes ombros o peso do velho sobrado abandonado e das dores do mundo.
Fim de tarde, no céu entre os prédios do velho centro, decadente coração da cidade, um tom estranho de azul entre cinzas nuvens, do nono andar do prédio onde pessoas dividem paredes e mal se falam, ouço os sons do vai-e-vem de carros e vozes de ninguém, o vento gelado desliza pelo meu rosto e braços, nos vidros das construções vejo o reflexos dos néons que anunciam mercadorias e diversões, angústia e desconforto compõem o sentimento de solidão.
Brinco com as fagulhas ao apagar o cigarro no cinzeiro de vidro, do alto da sacada observo lá embaixo, entre as copas das grandes árvores e os pontos amarelados das luzes de mercúrio, pessoas circulam pela praça e nem mais notam a imponência do prédio da Universidade Federal, pelas calçadas das ruas ao redor, entre o fedor de mijo e os mendigos da Europa brasileira, senhores e jovens engravatados aceleram os passos e acompanham senhoras e moças bem alinhadas. A tosse e o nó na garganta me dão a impressão de não pertencer a esse lugar. Tosse. Na verdade não pertenço a lugar algum.

quarta-feira, novembro 02, 2005

pois é

Pois é, enfim, aqui vou.
O mundo inteiro dorme,
E só eu acordado nesse feriado
Manha fria e chuvosa,
Enquanto penso na forca
Meus amigos dormem suas ressacas
Só, e com minha garganta inflamada,
E... não! Não é psicossomático.
É por causa da forca mesmo,
Pego a estrada a noite,
Vou e voluntariamente vou
Exames que tem a ver com a garganta
Não, não é pela inflamação
Tem a ver com a forca mesmo
Espero falar que vou me mudar,
Seja pra fria Curitiba
Ou pra perto do mar.