quarta-feira, junho 27, 2007

saudade


foto pescada no fotolog da Mari http://www1.fotolog.com/citron_amarelo/

quantas madrugadas a olhar para essa vista. Uma lágrima me tomou toda a atenção agora.

para o Helder

Depois de ler o último post do Helder (muito além do horizonte - link ao lado) eu coloquei uma músiquinha aqui, meu novo vício é zeca pagodinho, então a primeira faixa que toca é essa ae:

Zeca Pagodinho - Não Sou Mais Disso

Eu não sei se ela fez feitiço
Macumba ou coisa assim
Eu só sei que eu estou bem com ela
E a vida é melhor pra mim
Eu deixei de ser pé-de-cana
Eu deixei de ser vagabundo
Aumentei minha fé em Cristo
Sou bem-quisto por todo mundo

Na hora de trabalhar
Levanto sem reclamar
E antes do galo cantar
Já vou
À noite volto pro lar
Pra tomar banho e jantar
Só tomo uma no bar
Bastou

Provei pra você que eu não sou mais disso
Não perco mais o meu compromisso
Não perco mais uma noite à-toa
Não traio e nem troco a minha patroa

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Esta letra foi retirada do site Letras.mus.br

terça-feira, junho 26, 2007

acharam que fosse uma prostituta, ah...então tudo bem.

Há alguns anos atrás jovens de classe média alta ateiam fogo e matam um índio que dormia em um ponto de ônibus em Brasília. Os jovens dizem: pensávamos que era um mendigo, eis a justificativa. Agora no Rio de Janeiro, jovens de classe média alta espancam uma empregada doméstica e roubam sua bolsa: pensávamos que era uma prostituta, dizem os jovens como justificativa.
Sirlei saía de madrugada do apartamento onde mora e trabalha para ir a uma consulta médica, provavelmente passaria um bom tempo no interior de um ou dois ônibus até chegar ao posto de saúde, depois ficaria horas em uma fila esperando a tal consulta, depois provavelmente iria para a casa dos patrões arrumar quartos como os dos jovens que a espancaram. Esses, estavam no fim de uma balada, ou no meio dela, voltavam para casa de uma noite de diversão, provavelmente cada um iria chegar em sua casa, de carro é bom lembrar, iriam deitar em suas camas, provavelmente se levantar por volta de meio dia para uma outra Sirlei qualquer lhe arrumar a cama.
Vamos reduzir toda a situação ao seguinte: cinco jovens homens espancam uma mulher. Ae eu me pergunto, onde foi parar a tal honra masculina que sempre disse: não se bate em mulher nem com uma flor, ainda mais cinco homens. Mas não era uma mulher né, era uma prostituta. Hum, então prostituta não deve ser mulher. Assim como não era um índio lá em Brasília, era apenas um mendigo. Hum, então um mendigo pode ser incendiado sem culpa.
Do que estamos falando aqui afinal de contas, que valores norteiam as ações desses jovens? Será que esses jovens espancariam em cinco uma mulher qualquer que estivesse na mesma boate que eles saíram aquela noite? Eu não estou nem falando em espancar um homem em cinco, porque isso eu não tenho a menor dúvida que eles fariam, na boate ou em qualquer outro lugar. E aqueles jovens em Brasília, será que eles colocariam fogo em uma outra pessoa que não em um mendigo, ou mesmo um índio? Suponho que não, em nenhum dos casos.
Suponho que a questão seja a de quem é considerado pessoa e em última instância, quem é considerado gente. Há uma anedota na antropologia contada por Levi Strauss que diz mais ou menos o seguinte. Quando os espanhóis desembarcaram por aqui no nosso continente sul americano sua grande dúvida a respeito dos índios é se eles tinham alma, se tivessem eles poderiam ser considerados gente, para os índios a grande dúvida era se os espanhóis possuíam corpo, se o possuíssem eles poderiam ser considerados gente, então quando os índios matavam um espanhol eles ficavam esperando o seu corpo apodrecer para tirar a prova.
Bom, feito esse parênteses, voltemos aos casos contemporâneos, será que os jovens consideram aquela “prostituta” pessoa, gente? Bom, naturalmente acredito que eles estavam certos de que ela de qualquer forma possuía uma alma e um corpo. Então o que seria preciso para ser considerada merecedora de sua compaixão, para ser considerada uma pessoa? Grana? Status?
Me vem à cabeça o caso João Hélio, a mídia passou dias indignando a sociedade com tal atrocidade, àqueles marginais (aqueles animais) mataram cruelmente uma criança. A sociedade civil se comove e pede providências contra essa violência que assola nosso Brasil, então a polícia que nesse momento é obrigada a dar resposta, invade barracos à procura dos criminosos, que "obviamente" só poderiam estar nas favelas. Quantas vezes será que o barraco de qualquer Sirlei ja foi invadido pela polícia? Ela podia ter morrido de tanta pancada, sem a mínima chance de ser defender, e agora? Será que a sociedade civil vai às ruas e a mídia vai exigir severas punições? Quem é a sociedade civil afinal de contas? Será que não é aquele mesmo pai que diz que o filho cometeu um erro ao espancar a empregada, mas que ele é estudante e trabalhador e não merece ser preso, que o seu filho tem caráter e que não pode ser misturado a criminosos como os de tais e quais morros. Será que esse mesmo senhor não ficou indignado no caso João Hélio, será que ele não foi a alguma passeata pedir justiça e maior rigor da lei? Qual a diferença entre um erro e um crime bárbaro? É a classe?
Eu sei que o último dos cinco jovens se entregou acompanhado de dois advogados. Cada advogado deve ter ganhado para acompanhar o tal jovem mais do que tantas outras Sirleis ganham em um mês inteiro. Agora me digam o que aconteceria se cinco jovens moradores de um morro qualquer espancasse e roubasse a bolsa de qualquer uma das mães desses cinco jovens? Seriam cinco animais ( e não gente ) a espancar uma pessoa de bem, uma cidadã.
Mas nesse caso são cinco jovens estudantes ( gente, pessoa ) a espancar uma possível prostituta ( uma cadela, uma vaca, não gente). No fim das contas, certamente os jovens vão pagar uma indenização e prestar serviços comunitários, vão levar uma bronca de seus pais, que possivelmente vão dizer, tome juízo rapaz. Agora é uma questão de juízo. Milhares de outros jovens marginalizados vão ver tudo pela tv, vão pensar, ah se fosse comigo, ia apanhar tanto da polícia que ia ficar um mês sem levantar, e quando levantasse ia apanhar tanto do meu pai que ia ficar outro mês sem levantar, e depois quando saísse na rua ia apanhar tanto dos manos que ia ficar mais um mês sem levantar. Por outro lado a mensagem que tantos outros jovens de classe média e alta vão receber vai ser: eu posso tudo, posso espancar, posso roubar, porque papai paga a conta.
Putz, vou confessar uma coisa, eu posso até ta sendo sádico, mas eu queria é ver esses moleques na cadeia, e o agente penitenciário falando: ae galera, esses aqui são os playboy que espancaram aquela moça la no ponto de ônibus ta ligado? hein, imaginem só. Cada preso pensando, podia ser minha mulher, minha mãe, minha irmã, porque para eles, prostituta ou não, certamente a Sirley seria gente, e gente fina aliás.

segunda-feira, junho 25, 2007

Em meio ao ar quente do deserto ticano, ja arrastando suas botas, o cowboy avista algo entre um suspiro e o quase desfalecer. Aperta os olhos para conseguir enxergar, parece um velho posto de gasolina, no letreiro diz: Club Del Silêncio. Na porta um homem com um largo chapéu que esconde sua face, o som forte do vento corta o silêncio daquele nada. nada além do Club Del Silêncio.

Emilie Simon - Alicia



Quand Alicia compose un bouquet des roses
Le monde est suspendu
Á ses lèvres et pour cause
Elles sont d'un rose
Inattendu
Quand Alicia s'endort, une plante carnivore
Veille sur son sommeil
Mais dans les bras de lierre d'Alicia
On ne se réveille pas
Alicia dort

Alicia dort
Un bouquet de violettes
Des serpents à sonnettes
Dansent dans sa tête
Mon doux venin
Une odeur de jasmin
Sur les joues pâles
D'une fille végétale
Quand Alicia compose
Un bouquet des roses
Le monde est suspendu
Mais dans les bras de lierre d'Alicia
On ne se réveille pas

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Esta letra foi retirada do site Letras.mus.br
Um Cowboy me deu o novo título do blog.

quinta-feira, junho 21, 2007

revista eletrônica Muro



essa é capa da sexta edição da revista eletrônica muro, para quem conhece, nessa edição umas das colaboradoras é a Luana que comenta dois blogs e um fotolog, um dos blogs é o da Adriana (passou algum tempo aqui na terrinha) e o fotolog da Paula, que ainda pode ser vista por aqui (se você der sorte)...grandes figuras, é preciso comentar também que o cabeliasbar só existe porque um certo dia a Paula postou um texto meu no Ground Control (acho que isso nem ela sabe), enfim algumas pessoas falaram bem e acabei criando isso aqui, que vai meio mal das pernas mas vai.
Vale conferir a revista (to aqui falando dessas figuras, mas a revista tem muito mais), vejam vocês mesmos http://www.revistamuro.kit.net/index.htm

quarta-feira, junho 20, 2007

Vá lá fora!
Olhe para o lado,
veja mais um fudido
pela vida espancado: caiu, levantou,
quase sempre quase derrotado.
Olhe para o outro lado
Veja mais outro fudido,
Pela cachaça quase corrompido, ou quase salvo.
Veja bem ao seu lado,
e consiga continuar pasmado
ou então
feche seus punhos feito um Black Panthers.
Olhe no olho de outro fardado porco
e tente continuar se sentido branco,
não falo de pele, mas de olho,
não trato de corpo, mas de orgulho.
Continue andando
Olhando para os lados,
E veja outro fudido, pela calçada espalhado,
e tente ignorar o rap,
tente levantar a cabeça e olhar ao seu lado,
continue ignorando os fudidos pelas ruas espalhados
e nunca mais pare de olhar para tras,
esperando pelo próximo assalto.
Baixe a cabeça quando cruzar mais um fudido revoltado,
e reze para seus santos brancos protegerem sua alva alma.
Continue ignorando aos fudidos que pelas ruas se espalham,
compre cercas e arames farpados,
erga seu muro,
se feche no seu mundo.
E então, avalanches de fudidos vão romper as grades,
vão escalar prédios, vão se rasgar nos seus arames farpados,
seus muros pesados de sangue vão romper,
porcos fardados vão disparar a esmo,
reze para sua alva alma não ser alvejada.
Continue ignorando os fudidos pelas ruas espalhados
E estoque terços,
Porque estoques vão bater à sua porta.
toc toc toc...

segunda-feira, junho 18, 2007



foto roubada no http://www.fotolog.com/paulacantieri

As lágrimas andam freqüentando com certa assiduidade os olhos do jovem adulto, aquele velho moço. São sem motivos e muitas provocações, uma foto, uma música, uma lembrança, uma visão de futuro improvável, uma criança brincando num melancólico sábado a tarde, um palhaço que deveria fazer rir (e faz), uma cena de novela, chegar em casa após uma reunião de amigos, velhos amigos, uma caminhada de segunda feira com sol na cara. Chora a toa?

sexta-feira, junho 01, 2007

dia cinza

Atrás dessas nuvens deve haver uma azul claro do céu, deve haver um sol que esquentaria suas mãos. Talvez se se fossem essas nuvens, seus pensamentos também seriam menos cinza, talvez esse nó na garganta se desmanchasse, talvez. Será que a angústia que lhe corrói as entranhas vem acompanhado desse dia cinza, será?
Bom, hoje o moço vai sair para uma dose de conhaque barato, como em velhos tempos, como em velhos tempos em que não se encontrava em lugar algum que não seja o caminhar entre os morros. No fundo dos vales, ao caminhar sozinho em meio a noite de ar frio e cortante vai lembrar dos velhos tempos, vai se ver velho, vai lembrar de seu amor, vai cantar um versinho qualquer entre o ranger dos dentes, vai pensar nos amigos que se foram e que não vai reencontrar no próximo bar. Lentamente vai lhe descer uma leve lágrima até salgar a boca.
Quando voltar pra casa o negro já vai estar dando lugar ao cinza novamente, um leve branco vai cobrir o verde, uma fraca neblina vai interromper a manhã, seu velho cão vai estar a lhe esperar na porta de casa, a casa vazia vai lhe apretar o peito e um ultimo cigarro vai ser tragado na janela enquanto o sol romper as fracas nuvens.