sábado, agosto 25, 2007

Itamar assumpção



muito bom






peguei esse grafite no blog http://republicadefiume.blogspot.com/. A Paula me apresentou esse blog, é muito foda...vale muito a pena dar uma olhada.

sexta-feira, agosto 24, 2007

aquele nós.

Velas se espalham pelo cabeliasbar, é difícil abandonar o luto. A tristeza se vai e se esconde entre sorrisos e diversões, mas logo da o ar de sua graça e empurra uma lágrima sempre acompanhada de um nó na garganta. Nós estamos assim por esses dias, nós jogadores de tosco pong de tempos de rebordosa. Nós de tempos de café e marcados no caderninho do seu Heleno. Nós que planejávamos a anarquia, nós que ficamos aqui nos lendo e lendo marginais. Nós que tanto celebramos nossa hóstia cachaça, nosso pano verde na sinuca do Jota. Nós que nunca mais nos veremos todos os dias. Outros se foram pra nunca mais serem visto, para nunca mais serem esquecidos. Eu quero dizer que amo esse nós, e quando eu for quero um brinde dos amigos, um brinde de seleta, um brinde de antártica, que seja um brinde de 51 com limão. Quero uma noite de dança e birita, de promiscua alegria, quero uma mesa de tosco pong. To com uma saudade tremenda daquelas tardes de vadiagem produtiva, das garotas de Letras tão belamente desconhecidas, de sempre ver uma face amiga se aproximando, sorrindo ou reclamando daquele marxista. Ai meus queridos, quanto falta me faz esse nós.

segunda-feira, agosto 20, 2007

tosco pong

ping pong...tac ....tac......tac ...............tac... A bolinha muito leve. Ele a lança para o alto, seus olhos fixos na esferinha branca enquanto as mãos se movimentam. O corpo já sabe o tempo da bola, a força e a direção já circulam na cabeça do rapaz, mas a decisão da jogada, essa só vai ser tomada no exato momento de bater. Um rápido movimento com a raquete, ele bate raspando pra fora, a bola vai vir com muito efeito. Se nem ele ainda sabe como vai bnater, imagine se eu ia saber de que lado vem, como vem, com que força, só me resta esperar. Fixo meu olhar na raquete pra ver o exato momento que a bolinha vai ser disparada.
A bola parte, com meia força, ele bate no meu lado direito raspando a raquete pra fora o efeito produzido vai levar a bola mais pra direita ainda. É um grande saque. Eu gosto quando a bola vem na minha direita porque sou destro, se bem que quando ela vem na esquerda eu sou obrigado a defender num lance mais curto, tenho que ir ao encontro da bola logo após ela bater no meu lado da mesa o que acaba sendo bom também, porque devolve a bola bem rápido. Já no saque que eu vou defender eu tenho que esperar mais a bola, então esse vai ser um jogo de bolas longas. Um jogo com uma cara de clássicos dos anos 60, um jogo em preto e branco.
No seu último e quase único pensamento você percebe se vai ter como defender, no mesmo instante tem que decidir e escolher como vai bater. A mesa de maderite tornava o efeito da bolinha ainda maior. Estico meu braço e o corpo todo vai pra direita, rebato a bola reto na paralela mas vai pra fora. Tive que bater forte pra tentar tirar o efeito, poderia ter batido raspando pra direita também, mas nesse momento você não pode querer escolher muito, tem que pensar uma coisa e bater. Foi um grande saque.
Um a zero em um jogo que não tem um fim determinado, quando chegar um próximo jogador o placar zera. Ele saca novamente, o mesmo saque. Defendo com o mesmo movimento que ele fez, jogando a bola no canto dele, uma bola cruzada clássica, ele rebate, exatamente da mesma maneira, ta me convidando pra rebater um pouco, ta me convidando pra uma conversa, então seguramos o jogo esperando o primeiro improviso, uma hora alguém vai quebrar a seqüência e tentar marcar o ponto.
É um jogo disputado como sempre. Conhecemos bem o jogo um do outro, chega um momento que esquecemos do placar. Conforme as nossas regras se ninguém sabe o placar o jogo volta pra dois a dois, e não era nem um pouco raro esquecermos o placar. Então vamos pra dois a dois e decidimos fazer uma partida de 21. Se chegar em 20 a 20, sobe pra 22, 21 a 21 sobe pra 23...
As vezes a partida pode ser interrompida por um longo ou curto tempo. Para um cigarro. Para uma conversa. Por exemplo, você pega a bola para sacar, dae você joga ela para cima preparando o saqueci, então você acaba lembrando de algo que queria falar, então segura a bolinha e comenta. Ou então pede o isqueiro e acende um cigarro, da uns tragos, repousa o cigarro no cinzeiro ao lado da mesa e saca, a bola para e volta a apanhar o cigarro, ou pasa o cigarro pro companheiro. Lembra de uma outra coisa que queria falar...
Enfim, o jogo era só um pretesto pra uma conversa, como convidar um amigo para um café ou para uma cerveja. Ali podíamos ter planejado uma revolução, entre um saque e outro, na verdade o que faziamos ali era uma pequena revolução diária. Grandes momentos tivemos ali, grande idéias, vivemos grandes pequenas coisas ao som do tac...tac da bolinha branca.
Para um bom jogo o ideal é uma bolinha leve, uma maderite apoiada num cavalete como mesa, boas raquetes coloridas, e prestar atenção no barulho da bolinha ao bater na mesa, pode te dizer muito esse barulho, tac tac tac tac....O bom mesmo é que você jogue com grandes amigos, desses que voc~e vai lembrar pra sempre, desses que voc~e vai guardar só as boas coisas, desses que mudam o mundo todos os dias.



Queria fazer uma homenagem ao Rodrigo, grande amigo que nos deixou. Eu adorava jogar ping pong com Rodrigo um cara que vai fazer muita falta não só para a família, para os amigos mas também para o mundo, porque ele queria mudar as coisas. Perdemos uma grande pessoa, hoje rezei, coisa que a muito não fazia.

sexta-feira, agosto 03, 2007

se rompe o silêncio, que passa a anteceder o silêncio.

Dizem que escrever é 90% transpiração e 10% inspiração, enfim, quer dizer que um escritor de verdade trabalha muito pra produzir. Eu não sou um desses, eu escrevo quando inspirado, e por falta de inspiração e uma vontade absurda de dizer algo eu reproduzo abaixo três dos meu escritus preferidos. O primeiro é um poeminha bastante despretensioso e apaixonado, acho que foi a primeira coisa que escrevi pra Fer, minha garota, meu amor. O segundo, é sofrido e rápido, o personagem cheira a conhaque e vive entre breves surtos. O terceiro é também rápido, também despretensioso, é meu primeiro texto, é meu preferido, talvez nem seja o melhor, mas é meu querido. Bom, isso é quase um desabafo novamente, escrevo em primeira pessoa, me coloco, meus textos não são um reflexo de mim simplesmente, é algo como uma mistura de desejos, de frustrações, de imaginário, de imaginação. Alguns podem até dizer algo de mim, podem... Esse aqui é meu divã, e eu minto muito nas minha análises. Em quase todos os textos há apenas um personagem, meu personagem é um moço, que se sente um velho por vezes, diferente de mim, é melancólico, por vezes toma vida própria. Em vários momentos eu não saberia dizer quando é o autor e quando é o personagem que fala. Sim! Eles se misturam. Não que eu viva todas as suas breves aventuras, mas por vezes ele pensa como eu, por vezes ele se sente como eu, e por vezes ele sente e vive por si mesmo. Esse moço que circula pelo finado cabeliasbar parece ter resolvido tomar conta de sua vida e me deixar. Tomara que ele venha tomar um café no Club del silêncio uma hora dessas, sinto sua falta. Por enquanto, vou me dedicar a minha dissertação, à ciência que já deu o ar de sua graça pelo cabeliasbar, e que passa a consumir esse autor que vive de inspiração, a transpiração vai ficar na academia entre doutos e clássicos. Fica ae então meus três textos preferidos. Quem sabe alguns momentos de inspiração não os deixe novamente como arquivos.
sem graça o café sem voce ao lado


Tranqüilo, pero
Cansado de
Nada entender,
De frases que surgem,
E falam, falam, falam...
A dor que na cabeça é frontal,
Ansioso por exames que virão.
De ciência querem saber
Ora, se de amor me perguntassem
Diria eu: - Fer.
Diria que ao seu lado
Gosto mais
do cigarro,
do café docemente amargo,
do calor
dos corpos suados
dos cabelos desalinhados
do céu, seja de brigadeiro
ou nublado,
vendo o iluminado,
ou apenas entediado.

então é assim o fundo do poço!

então é assim o fundo do poço!

Hoje é quinta-feira, desde domingo que eu digo: - vou começar a viver amanhã. Segunda é uma péssima pedida pra se começar qualquer coisa, quanto mais a viver!
- Amanhã eu falo com ela, resolvo todos aqueles afetos que me fazem beirar ao surto todos os dias!
Chego, primeira pessoa que vejo. Ela caminha em minha direção, segura, veste amarelo, linda. Um abraço carinhoso, é! Só carinhoso. Seguro a ar, solto, como se fosse mudar aquilo que eu já sabia desde o primeiro beijo. Nada pode ser tão perfeito assim, não existe a mulher da sua vida, não se pode gostar tanto de um beijo, não se pode gostar tanto de alguém sem pagar com dor e lágrimas.
O precipício! Me jogo, o corpo que sabe, vai deixar de ser, a alma que vaga imprecisa nos olhos arregalados quando surpresa, o sorriso que ilumina seu rosto e gela meu estomago. A consciência cega me impõe o bar, o balcão, o copo, sair de si é a melhor fuga. Inconseqüente!
O fundo deve estar perto, na queda não há tempo nem espaço, como quando se dança alucinado, o que sobra só aparece no fim do último acorde. O que sobrar de mim só vou saber quando sua voz não ecoar mais no vazio que me consome. O dia quente, longo, os instantes escorrem pelo meu corpo, salgados. Compulsivo, me prendo a café e delírios, perdido mas sem me preocupar.
Entro no bar, cigarro e cerveja. A noite acaba, indo pra casa, andando sozinho, de volta a rotina, os bons amigos, café e cigarros, agüentando a burocracia e esperando o relógio completar seus ciclos.
Bato no chão, enfim o fundo! A dor quase insuportável, me arrasto para o primeiro ponto claro, me encolho, lambo as feridas e choro, choro, choro...até ficar sem ar, desmaio. Durmo por horas e horas. Acordo, sinto uma mistura de calma e inquietude, quero andar. Caminho sem rumo, chapado, tenho desejos improváveis e saudades. Continuo sem me importar, me entrego ao sentir, para os covardes desejo a mediocridade de uma vida pronta, perdida no previsível. Prefiro minha solidão e minha calma.

velho sapato

velho sapato

Andava, pensando naquele aperto que sente no peito, os passos ecoando pela rua deserta era o único som que se ouvia na noite quente e úmida, chega ao ponto de ônibus, espera, acende um cigarro, o barulho da brasa que consome o papel atrai seu pensamento, ao fundo, outros passos se aproximam vagarosamente, não se da ao trabalho de olhar, percebe o corpo passando em suas costas e se distanciando, fica olhando para a fumaça do cigarro que dança como um fio de água que escorre tortuosa entre as pedras encostadas ao meio fio. A chuva que a pouco cessara ainda produzia alguns murmúrios nas folhas das árvores, o asfalto ainda brilhava e os pneus dos carros ainda levantavam uma névoa ao passar.
O ônibus se aproxima, ele solta o cigarro e fica observando até o momento que alcança o chão, ouve o som da brasa que se choca à água misturado ao barulho do motor que se aproxima, pisa na bituca, esfrega contra a calçada e ainda vê, antes dos degraus do ônibus que a porta aberta já permitia visualizar, a espuma daquela ponta de cigarro absorvendo aquele líquido que ia, aos poucos, sendo consumido pelo cimento.
Entra no coletivo, o piso metálico está escorregadio, ou seria a sola do seu velho sapato que a pouco esmagara aquela bituca? Diz boa noite ao cobrador, passa a roleta, observa rapidamente as poucas figuras tristes sentadas em seus mundos, procura um lugar para si, a vista pela janela mistura a visão das ruas vazias do itinerário com o reflexo do seu rosto, chega ao terminal, desce do ônibus, caminha vagarosamente até a saída.
Andando pelo centro velho da jovem cidade pensa no que vai dizer ao chegar, como de costume caminha olhando para baixo, observa as peripécias das gotas que são atiradas pelo movimento dos pés, na praça, ao lado da catedral, michês fazem o ponto à espera do próximo distinto senhor, chefe de família e pai de dois lindos filhos de olhos azuis, continua...uma fina garoa começa a cair, fecha o moletom, coloca o capuz, acende um cigarro, traga e pensa no que vai dizer.
Para na frente do prédio, olha para o interfone, desiste! Não! Vai apertar, a chuva começa a ficar mais forte, atravessa a rua e se abriga em baixo de um toldo, olha para o oitavo andar, luzes acesas, por instante pensa ter visto algum movimento, na sacada aparece um casal, conversam por alguns instantes e voltam, uma a uma as luzes começam a se apagar, exceto a do segundo quarto que se mantém por alguns minutos e então é apagada. O mundo cai a seu redor, a chuva cai a seu redor, se levanta agressivamente e acelerado toma um caminho qualquer e anda, não pensa, apenas anda. As peripécias das gotas atiradas pelo seu velho sapato, que até então lhe divertiam, são completamente abandonadas a sua própria sorte.

quarta-feira, junho 27, 2007

saudade


foto pescada no fotolog da Mari http://www1.fotolog.com/citron_amarelo/

quantas madrugadas a olhar para essa vista. Uma lágrima me tomou toda a atenção agora.

para o Helder

Depois de ler o último post do Helder (muito além do horizonte - link ao lado) eu coloquei uma músiquinha aqui, meu novo vício é zeca pagodinho, então a primeira faixa que toca é essa ae:

Zeca Pagodinho - Não Sou Mais Disso

Eu não sei se ela fez feitiço
Macumba ou coisa assim
Eu só sei que eu estou bem com ela
E a vida é melhor pra mim
Eu deixei de ser pé-de-cana
Eu deixei de ser vagabundo
Aumentei minha fé em Cristo
Sou bem-quisto por todo mundo

Na hora de trabalhar
Levanto sem reclamar
E antes do galo cantar
Já vou
À noite volto pro lar
Pra tomar banho e jantar
Só tomo uma no bar
Bastou

Provei pra você que eu não sou mais disso
Não perco mais o meu compromisso
Não perco mais uma noite à-toa
Não traio e nem troco a minha patroa

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Esta letra foi retirada do site Letras.mus.br

terça-feira, junho 26, 2007

acharam que fosse uma prostituta, ah...então tudo bem.

Há alguns anos atrás jovens de classe média alta ateiam fogo e matam um índio que dormia em um ponto de ônibus em Brasília. Os jovens dizem: pensávamos que era um mendigo, eis a justificativa. Agora no Rio de Janeiro, jovens de classe média alta espancam uma empregada doméstica e roubam sua bolsa: pensávamos que era uma prostituta, dizem os jovens como justificativa.
Sirlei saía de madrugada do apartamento onde mora e trabalha para ir a uma consulta médica, provavelmente passaria um bom tempo no interior de um ou dois ônibus até chegar ao posto de saúde, depois ficaria horas em uma fila esperando a tal consulta, depois provavelmente iria para a casa dos patrões arrumar quartos como os dos jovens que a espancaram. Esses, estavam no fim de uma balada, ou no meio dela, voltavam para casa de uma noite de diversão, provavelmente cada um iria chegar em sua casa, de carro é bom lembrar, iriam deitar em suas camas, provavelmente se levantar por volta de meio dia para uma outra Sirlei qualquer lhe arrumar a cama.
Vamos reduzir toda a situação ao seguinte: cinco jovens homens espancam uma mulher. Ae eu me pergunto, onde foi parar a tal honra masculina que sempre disse: não se bate em mulher nem com uma flor, ainda mais cinco homens. Mas não era uma mulher né, era uma prostituta. Hum, então prostituta não deve ser mulher. Assim como não era um índio lá em Brasília, era apenas um mendigo. Hum, então um mendigo pode ser incendiado sem culpa.
Do que estamos falando aqui afinal de contas, que valores norteiam as ações desses jovens? Será que esses jovens espancariam em cinco uma mulher qualquer que estivesse na mesma boate que eles saíram aquela noite? Eu não estou nem falando em espancar um homem em cinco, porque isso eu não tenho a menor dúvida que eles fariam, na boate ou em qualquer outro lugar. E aqueles jovens em Brasília, será que eles colocariam fogo em uma outra pessoa que não em um mendigo, ou mesmo um índio? Suponho que não, em nenhum dos casos.
Suponho que a questão seja a de quem é considerado pessoa e em última instância, quem é considerado gente. Há uma anedota na antropologia contada por Levi Strauss que diz mais ou menos o seguinte. Quando os espanhóis desembarcaram por aqui no nosso continente sul americano sua grande dúvida a respeito dos índios é se eles tinham alma, se tivessem eles poderiam ser considerados gente, para os índios a grande dúvida era se os espanhóis possuíam corpo, se o possuíssem eles poderiam ser considerados gente, então quando os índios matavam um espanhol eles ficavam esperando o seu corpo apodrecer para tirar a prova.
Bom, feito esse parênteses, voltemos aos casos contemporâneos, será que os jovens consideram aquela “prostituta” pessoa, gente? Bom, naturalmente acredito que eles estavam certos de que ela de qualquer forma possuía uma alma e um corpo. Então o que seria preciso para ser considerada merecedora de sua compaixão, para ser considerada uma pessoa? Grana? Status?
Me vem à cabeça o caso João Hélio, a mídia passou dias indignando a sociedade com tal atrocidade, àqueles marginais (aqueles animais) mataram cruelmente uma criança. A sociedade civil se comove e pede providências contra essa violência que assola nosso Brasil, então a polícia que nesse momento é obrigada a dar resposta, invade barracos à procura dos criminosos, que "obviamente" só poderiam estar nas favelas. Quantas vezes será que o barraco de qualquer Sirlei ja foi invadido pela polícia? Ela podia ter morrido de tanta pancada, sem a mínima chance de ser defender, e agora? Será que a sociedade civil vai às ruas e a mídia vai exigir severas punições? Quem é a sociedade civil afinal de contas? Será que não é aquele mesmo pai que diz que o filho cometeu um erro ao espancar a empregada, mas que ele é estudante e trabalhador e não merece ser preso, que o seu filho tem caráter e que não pode ser misturado a criminosos como os de tais e quais morros. Será que esse mesmo senhor não ficou indignado no caso João Hélio, será que ele não foi a alguma passeata pedir justiça e maior rigor da lei? Qual a diferença entre um erro e um crime bárbaro? É a classe?
Eu sei que o último dos cinco jovens se entregou acompanhado de dois advogados. Cada advogado deve ter ganhado para acompanhar o tal jovem mais do que tantas outras Sirleis ganham em um mês inteiro. Agora me digam o que aconteceria se cinco jovens moradores de um morro qualquer espancasse e roubasse a bolsa de qualquer uma das mães desses cinco jovens? Seriam cinco animais ( e não gente ) a espancar uma pessoa de bem, uma cidadã.
Mas nesse caso são cinco jovens estudantes ( gente, pessoa ) a espancar uma possível prostituta ( uma cadela, uma vaca, não gente). No fim das contas, certamente os jovens vão pagar uma indenização e prestar serviços comunitários, vão levar uma bronca de seus pais, que possivelmente vão dizer, tome juízo rapaz. Agora é uma questão de juízo. Milhares de outros jovens marginalizados vão ver tudo pela tv, vão pensar, ah se fosse comigo, ia apanhar tanto da polícia que ia ficar um mês sem levantar, e quando levantasse ia apanhar tanto do meu pai que ia ficar outro mês sem levantar, e depois quando saísse na rua ia apanhar tanto dos manos que ia ficar mais um mês sem levantar. Por outro lado a mensagem que tantos outros jovens de classe média e alta vão receber vai ser: eu posso tudo, posso espancar, posso roubar, porque papai paga a conta.
Putz, vou confessar uma coisa, eu posso até ta sendo sádico, mas eu queria é ver esses moleques na cadeia, e o agente penitenciário falando: ae galera, esses aqui são os playboy que espancaram aquela moça la no ponto de ônibus ta ligado? hein, imaginem só. Cada preso pensando, podia ser minha mulher, minha mãe, minha irmã, porque para eles, prostituta ou não, certamente a Sirley seria gente, e gente fina aliás.

segunda-feira, junho 25, 2007

Em meio ao ar quente do deserto ticano, ja arrastando suas botas, o cowboy avista algo entre um suspiro e o quase desfalecer. Aperta os olhos para conseguir enxergar, parece um velho posto de gasolina, no letreiro diz: Club Del Silêncio. Na porta um homem com um largo chapéu que esconde sua face, o som forte do vento corta o silêncio daquele nada. nada além do Club Del Silêncio.

Emilie Simon - Alicia



Quand Alicia compose un bouquet des roses
Le monde est suspendu
Á ses lèvres et pour cause
Elles sont d'un rose
Inattendu
Quand Alicia s'endort, une plante carnivore
Veille sur son sommeil
Mais dans les bras de lierre d'Alicia
On ne se réveille pas
Alicia dort

Alicia dort
Un bouquet de violettes
Des serpents à sonnettes
Dansent dans sa tête
Mon doux venin
Une odeur de jasmin
Sur les joues pâles
D'une fille végétale
Quand Alicia compose
Un bouquet des roses
Le monde est suspendu
Mais dans les bras de lierre d'Alicia
On ne se réveille pas

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Esta letra foi retirada do site Letras.mus.br
Um Cowboy me deu o novo título do blog.

quinta-feira, junho 21, 2007

revista eletrônica Muro



essa é capa da sexta edição da revista eletrônica muro, para quem conhece, nessa edição umas das colaboradoras é a Luana que comenta dois blogs e um fotolog, um dos blogs é o da Adriana (passou algum tempo aqui na terrinha) e o fotolog da Paula, que ainda pode ser vista por aqui (se você der sorte)...grandes figuras, é preciso comentar também que o cabeliasbar só existe porque um certo dia a Paula postou um texto meu no Ground Control (acho que isso nem ela sabe), enfim algumas pessoas falaram bem e acabei criando isso aqui, que vai meio mal das pernas mas vai.
Vale conferir a revista (to aqui falando dessas figuras, mas a revista tem muito mais), vejam vocês mesmos http://www.revistamuro.kit.net/index.htm

quarta-feira, junho 20, 2007

Vá lá fora!
Olhe para o lado,
veja mais um fudido
pela vida espancado: caiu, levantou,
quase sempre quase derrotado.
Olhe para o outro lado
Veja mais outro fudido,
Pela cachaça quase corrompido, ou quase salvo.
Veja bem ao seu lado,
e consiga continuar pasmado
ou então
feche seus punhos feito um Black Panthers.
Olhe no olho de outro fardado porco
e tente continuar se sentido branco,
não falo de pele, mas de olho,
não trato de corpo, mas de orgulho.
Continue andando
Olhando para os lados,
E veja outro fudido, pela calçada espalhado,
e tente ignorar o rap,
tente levantar a cabeça e olhar ao seu lado,
continue ignorando os fudidos pelas ruas espalhados
e nunca mais pare de olhar para tras,
esperando pelo próximo assalto.
Baixe a cabeça quando cruzar mais um fudido revoltado,
e reze para seus santos brancos protegerem sua alva alma.
Continue ignorando aos fudidos que pelas ruas se espalham,
compre cercas e arames farpados,
erga seu muro,
se feche no seu mundo.
E então, avalanches de fudidos vão romper as grades,
vão escalar prédios, vão se rasgar nos seus arames farpados,
seus muros pesados de sangue vão romper,
porcos fardados vão disparar a esmo,
reze para sua alva alma não ser alvejada.
Continue ignorando os fudidos pelas ruas espalhados
E estoque terços,
Porque estoques vão bater à sua porta.
toc toc toc...

segunda-feira, junho 18, 2007



foto roubada no http://www.fotolog.com/paulacantieri

As lágrimas andam freqüentando com certa assiduidade os olhos do jovem adulto, aquele velho moço. São sem motivos e muitas provocações, uma foto, uma música, uma lembrança, uma visão de futuro improvável, uma criança brincando num melancólico sábado a tarde, um palhaço que deveria fazer rir (e faz), uma cena de novela, chegar em casa após uma reunião de amigos, velhos amigos, uma caminhada de segunda feira com sol na cara. Chora a toa?

sexta-feira, junho 01, 2007

dia cinza

Atrás dessas nuvens deve haver uma azul claro do céu, deve haver um sol que esquentaria suas mãos. Talvez se se fossem essas nuvens, seus pensamentos também seriam menos cinza, talvez esse nó na garganta se desmanchasse, talvez. Será que a angústia que lhe corrói as entranhas vem acompanhado desse dia cinza, será?
Bom, hoje o moço vai sair para uma dose de conhaque barato, como em velhos tempos, como em velhos tempos em que não se encontrava em lugar algum que não seja o caminhar entre os morros. No fundo dos vales, ao caminhar sozinho em meio a noite de ar frio e cortante vai lembrar dos velhos tempos, vai se ver velho, vai lembrar de seu amor, vai cantar um versinho qualquer entre o ranger dos dentes, vai pensar nos amigos que se foram e que não vai reencontrar no próximo bar. Lentamente vai lhe descer uma leve lágrima até salgar a boca.
Quando voltar pra casa o negro já vai estar dando lugar ao cinza novamente, um leve branco vai cobrir o verde, uma fraca neblina vai interromper a manhã, seu velho cão vai estar a lhe esperar na porta de casa, a casa vazia vai lhe apretar o peito e um ultimo cigarro vai ser tragado na janela enquanto o sol romper as fracas nuvens.

sábado, maio 26, 2007

Sentada na mesa do bar, peço ao garçon que entregue um bilhete ao rapaz, ultimamente tão calado, que se encontra fumando um cigarro, de pé atrás do balcão.
No bilhete: Elias, fecha não.

quarta-feira, maio 23, 2007

que silêncio nesse bar

Lá fora o neon do cabeliasbar brila só na noite escura. No interior do bar esse silêncio rompido apenas com o recolher dos copos, sentado no balcão o dono chamado Elias (cabelo), bebe um gole de seu conhaque a rabisca no guardanapo: “silêncio, silêncio é maior que estouro, silêncio é bom quando o barulho é ruim, é melhor continuar em silêncio que falar bobagem.” Parece que o bar não vai muito bem. Será que fecha esse bar, ser cliente deve ser melhor que ser o dono.

quinta-feira, abril 19, 2007

a frase da minha vida: - amanhã eu começo!

domingo, abril 01, 2007


mais um trampo do Alisson, quem quiser ver mais é só ir no link ae do lado.

sexta-feira, março 30, 2007

Anda um tanto quanto cansado dessa ausência ao seu lado. Se percebe com medo de se abraçar de vez a essa Dona Solidão, são gelados os seus braços, as mãos da solidão não suam, não lhe apertam os dedos. Os olhos de Dona Solidão são tão profundos que não se vê o fim, são tão negros quanto esse céu noturno sem luz nem de lua, essa anda a se esconder, como que para deixá-lo sem rumo. Como já são velhos esses sentimentos, o pó já se acumula sobre o telefone no canto da sala, dele já não ouve som algum já faz tempos.
Faz falta ao moço segurar em uma mão quente, na frente da tv, vendo alguma bobagem no sbt. Os lábios secos, a barba cresce lenta, as costas que se curvam, sente o tempo lerdo se perdendo, passa pela janela tão lento quanto esse calor. Sua sorte é o Belchior cantando em sua vitrola, e nas Paralelas o disco riscado repete incansável, “Como é perversa a juventude do meu coração, que só entende o que é cruel e o que é paixão”.

segunda-feira, março 26, 2007

menino suburbano

Corria de pés descalços, pernas finas e tortas, cabelo aos ombros queimado de sol, ligeiro e esperto, sempre esperando a próxima aventura, disposto a dar a volta ao mundo. Por enquanto girava pelas ruas do bairro. Desmonta a bicicleta e sonha com a motinha, calça o quichute e sonha com o nike, nunca vai ter. Toma banho na caixa d’água, não vai ter piscina, calça zoomp que nada, vai no bacião. Quer o olhar da loirinha, vai ficar na mão. Esse menino suburbano.

em terras londrinas

Já se faz noite
Ando pelo quarto
Risco o fósforo
Ilumina a face que ninguém vê
Pela janela as luzes
Escapam por entre a neblina
Essa pequena londres
Não me escapa essa angústia
Só pequenas lágrimas
São bons os momentos de sorrisos
Em faces amigas
O sabor do tabaco
O cheiro de terra vermelha
Não cessa de molhar
A boca
Não cessa de salgar
Não consegue sair do lugar. Abre os olhos mas não se mexe, apenas os cílios a se movimentar e um pouco de saliva que escorre com dificuldade goela abaixo. Não sente dor, do rádio vem uma linda voz, canta tristezas de um amor que se foi. É uma linda voz. Acorda novamente, mas não se mexe, ali estático já não sabe mais se esta a sonhar. O quarto ainda escuro, a luz com dificuldade se espreme entre as breves frestas da persiana. Não consegue sentir o corpo, o ar quente, abafado, o suor escorre, sente o lençol úmido. Só pode estar dormindo, é o que pensa. Por que não consegue se mover, ainda há pouco deitara. Será que no sonho se esqueceu que não andava, será que sonhou que chegou naquela cama andando e agora acordou ali vegetando como sempre esteve. Convencido de que estava paralítico não se conforma, deseja a morte com tanta força que começa a lhe faltar o ar, morte provocada com a força do pensar, será possível? Mas se aquilo tudo for um sonho. Ninguém morre em sonho é o que pensa, então quando estiver a morrer eu vou acordar, é assim que acontece nos sonhos, a gente acorda antes da morte. Nunca acordou. Ou nunca deixou de sonhar.

quarta-feira, março 21, 2007

Não era a falta de sono que o incomodava. Pior era ter que pensar enquanto ficava debruçado em sua janela. Mudou-se para o interior e pisa em chão vermelho. Compra cigarros no posto de gasolina da esquina. Anda por ae, como de costume. Conversa pouco. Escreve menos ainda. Sente dor nas costas. Sua barriga cresce. Seu tédio também.