sábado, agosto 25, 2007

Itamar assumpção



muito bom






peguei esse grafite no blog http://republicadefiume.blogspot.com/. A Paula me apresentou esse blog, é muito foda...vale muito a pena dar uma olhada.

sexta-feira, agosto 24, 2007

aquele nós.

Velas se espalham pelo cabeliasbar, é difícil abandonar o luto. A tristeza se vai e se esconde entre sorrisos e diversões, mas logo da o ar de sua graça e empurra uma lágrima sempre acompanhada de um nó na garganta. Nós estamos assim por esses dias, nós jogadores de tosco pong de tempos de rebordosa. Nós de tempos de café e marcados no caderninho do seu Heleno. Nós que planejávamos a anarquia, nós que ficamos aqui nos lendo e lendo marginais. Nós que tanto celebramos nossa hóstia cachaça, nosso pano verde na sinuca do Jota. Nós que nunca mais nos veremos todos os dias. Outros se foram pra nunca mais serem visto, para nunca mais serem esquecidos. Eu quero dizer que amo esse nós, e quando eu for quero um brinde dos amigos, um brinde de seleta, um brinde de antártica, que seja um brinde de 51 com limão. Quero uma noite de dança e birita, de promiscua alegria, quero uma mesa de tosco pong. To com uma saudade tremenda daquelas tardes de vadiagem produtiva, das garotas de Letras tão belamente desconhecidas, de sempre ver uma face amiga se aproximando, sorrindo ou reclamando daquele marxista. Ai meus queridos, quanto falta me faz esse nós.

segunda-feira, agosto 20, 2007

tosco pong

ping pong...tac ....tac......tac ...............tac... A bolinha muito leve. Ele a lança para o alto, seus olhos fixos na esferinha branca enquanto as mãos se movimentam. O corpo já sabe o tempo da bola, a força e a direção já circulam na cabeça do rapaz, mas a decisão da jogada, essa só vai ser tomada no exato momento de bater. Um rápido movimento com a raquete, ele bate raspando pra fora, a bola vai vir com muito efeito. Se nem ele ainda sabe como vai bnater, imagine se eu ia saber de que lado vem, como vem, com que força, só me resta esperar. Fixo meu olhar na raquete pra ver o exato momento que a bolinha vai ser disparada.
A bola parte, com meia força, ele bate no meu lado direito raspando a raquete pra fora o efeito produzido vai levar a bola mais pra direita ainda. É um grande saque. Eu gosto quando a bola vem na minha direita porque sou destro, se bem que quando ela vem na esquerda eu sou obrigado a defender num lance mais curto, tenho que ir ao encontro da bola logo após ela bater no meu lado da mesa o que acaba sendo bom também, porque devolve a bola bem rápido. Já no saque que eu vou defender eu tenho que esperar mais a bola, então esse vai ser um jogo de bolas longas. Um jogo com uma cara de clássicos dos anos 60, um jogo em preto e branco.
No seu último e quase único pensamento você percebe se vai ter como defender, no mesmo instante tem que decidir e escolher como vai bater. A mesa de maderite tornava o efeito da bolinha ainda maior. Estico meu braço e o corpo todo vai pra direita, rebato a bola reto na paralela mas vai pra fora. Tive que bater forte pra tentar tirar o efeito, poderia ter batido raspando pra direita também, mas nesse momento você não pode querer escolher muito, tem que pensar uma coisa e bater. Foi um grande saque.
Um a zero em um jogo que não tem um fim determinado, quando chegar um próximo jogador o placar zera. Ele saca novamente, o mesmo saque. Defendo com o mesmo movimento que ele fez, jogando a bola no canto dele, uma bola cruzada clássica, ele rebate, exatamente da mesma maneira, ta me convidando pra rebater um pouco, ta me convidando pra uma conversa, então seguramos o jogo esperando o primeiro improviso, uma hora alguém vai quebrar a seqüência e tentar marcar o ponto.
É um jogo disputado como sempre. Conhecemos bem o jogo um do outro, chega um momento que esquecemos do placar. Conforme as nossas regras se ninguém sabe o placar o jogo volta pra dois a dois, e não era nem um pouco raro esquecermos o placar. Então vamos pra dois a dois e decidimos fazer uma partida de 21. Se chegar em 20 a 20, sobe pra 22, 21 a 21 sobe pra 23...
As vezes a partida pode ser interrompida por um longo ou curto tempo. Para um cigarro. Para uma conversa. Por exemplo, você pega a bola para sacar, dae você joga ela para cima preparando o saqueci, então você acaba lembrando de algo que queria falar, então segura a bolinha e comenta. Ou então pede o isqueiro e acende um cigarro, da uns tragos, repousa o cigarro no cinzeiro ao lado da mesa e saca, a bola para e volta a apanhar o cigarro, ou pasa o cigarro pro companheiro. Lembra de uma outra coisa que queria falar...
Enfim, o jogo era só um pretesto pra uma conversa, como convidar um amigo para um café ou para uma cerveja. Ali podíamos ter planejado uma revolução, entre um saque e outro, na verdade o que faziamos ali era uma pequena revolução diária. Grandes momentos tivemos ali, grande idéias, vivemos grandes pequenas coisas ao som do tac...tac da bolinha branca.
Para um bom jogo o ideal é uma bolinha leve, uma maderite apoiada num cavalete como mesa, boas raquetes coloridas, e prestar atenção no barulho da bolinha ao bater na mesa, pode te dizer muito esse barulho, tac tac tac tac....O bom mesmo é que você jogue com grandes amigos, desses que voc~e vai lembrar pra sempre, desses que voc~e vai guardar só as boas coisas, desses que mudam o mundo todos os dias.



Queria fazer uma homenagem ao Rodrigo, grande amigo que nos deixou. Eu adorava jogar ping pong com Rodrigo um cara que vai fazer muita falta não só para a família, para os amigos mas também para o mundo, porque ele queria mudar as coisas. Perdemos uma grande pessoa, hoje rezei, coisa que a muito não fazia.

sexta-feira, agosto 03, 2007

se rompe o silêncio, que passa a anteceder o silêncio.

Dizem que escrever é 90% transpiração e 10% inspiração, enfim, quer dizer que um escritor de verdade trabalha muito pra produzir. Eu não sou um desses, eu escrevo quando inspirado, e por falta de inspiração e uma vontade absurda de dizer algo eu reproduzo abaixo três dos meu escritus preferidos. O primeiro é um poeminha bastante despretensioso e apaixonado, acho que foi a primeira coisa que escrevi pra Fer, minha garota, meu amor. O segundo, é sofrido e rápido, o personagem cheira a conhaque e vive entre breves surtos. O terceiro é também rápido, também despretensioso, é meu primeiro texto, é meu preferido, talvez nem seja o melhor, mas é meu querido. Bom, isso é quase um desabafo novamente, escrevo em primeira pessoa, me coloco, meus textos não são um reflexo de mim simplesmente, é algo como uma mistura de desejos, de frustrações, de imaginário, de imaginação. Alguns podem até dizer algo de mim, podem... Esse aqui é meu divã, e eu minto muito nas minha análises. Em quase todos os textos há apenas um personagem, meu personagem é um moço, que se sente um velho por vezes, diferente de mim, é melancólico, por vezes toma vida própria. Em vários momentos eu não saberia dizer quando é o autor e quando é o personagem que fala. Sim! Eles se misturam. Não que eu viva todas as suas breves aventuras, mas por vezes ele pensa como eu, por vezes ele se sente como eu, e por vezes ele sente e vive por si mesmo. Esse moço que circula pelo finado cabeliasbar parece ter resolvido tomar conta de sua vida e me deixar. Tomara que ele venha tomar um café no Club del silêncio uma hora dessas, sinto sua falta. Por enquanto, vou me dedicar a minha dissertação, à ciência que já deu o ar de sua graça pelo cabeliasbar, e que passa a consumir esse autor que vive de inspiração, a transpiração vai ficar na academia entre doutos e clássicos. Fica ae então meus três textos preferidos. Quem sabe alguns momentos de inspiração não os deixe novamente como arquivos.
sem graça o café sem voce ao lado


Tranqüilo, pero
Cansado de
Nada entender,
De frases que surgem,
E falam, falam, falam...
A dor que na cabeça é frontal,
Ansioso por exames que virão.
De ciência querem saber
Ora, se de amor me perguntassem
Diria eu: - Fer.
Diria que ao seu lado
Gosto mais
do cigarro,
do café docemente amargo,
do calor
dos corpos suados
dos cabelos desalinhados
do céu, seja de brigadeiro
ou nublado,
vendo o iluminado,
ou apenas entediado.

então é assim o fundo do poço!

então é assim o fundo do poço!

Hoje é quinta-feira, desde domingo que eu digo: - vou começar a viver amanhã. Segunda é uma péssima pedida pra se começar qualquer coisa, quanto mais a viver!
- Amanhã eu falo com ela, resolvo todos aqueles afetos que me fazem beirar ao surto todos os dias!
Chego, primeira pessoa que vejo. Ela caminha em minha direção, segura, veste amarelo, linda. Um abraço carinhoso, é! Só carinhoso. Seguro a ar, solto, como se fosse mudar aquilo que eu já sabia desde o primeiro beijo. Nada pode ser tão perfeito assim, não existe a mulher da sua vida, não se pode gostar tanto de um beijo, não se pode gostar tanto de alguém sem pagar com dor e lágrimas.
O precipício! Me jogo, o corpo que sabe, vai deixar de ser, a alma que vaga imprecisa nos olhos arregalados quando surpresa, o sorriso que ilumina seu rosto e gela meu estomago. A consciência cega me impõe o bar, o balcão, o copo, sair de si é a melhor fuga. Inconseqüente!
O fundo deve estar perto, na queda não há tempo nem espaço, como quando se dança alucinado, o que sobra só aparece no fim do último acorde. O que sobrar de mim só vou saber quando sua voz não ecoar mais no vazio que me consome. O dia quente, longo, os instantes escorrem pelo meu corpo, salgados. Compulsivo, me prendo a café e delírios, perdido mas sem me preocupar.
Entro no bar, cigarro e cerveja. A noite acaba, indo pra casa, andando sozinho, de volta a rotina, os bons amigos, café e cigarros, agüentando a burocracia e esperando o relógio completar seus ciclos.
Bato no chão, enfim o fundo! A dor quase insuportável, me arrasto para o primeiro ponto claro, me encolho, lambo as feridas e choro, choro, choro...até ficar sem ar, desmaio. Durmo por horas e horas. Acordo, sinto uma mistura de calma e inquietude, quero andar. Caminho sem rumo, chapado, tenho desejos improváveis e saudades. Continuo sem me importar, me entrego ao sentir, para os covardes desejo a mediocridade de uma vida pronta, perdida no previsível. Prefiro minha solidão e minha calma.

velho sapato

velho sapato

Andava, pensando naquele aperto que sente no peito, os passos ecoando pela rua deserta era o único som que se ouvia na noite quente e úmida, chega ao ponto de ônibus, espera, acende um cigarro, o barulho da brasa que consome o papel atrai seu pensamento, ao fundo, outros passos se aproximam vagarosamente, não se da ao trabalho de olhar, percebe o corpo passando em suas costas e se distanciando, fica olhando para a fumaça do cigarro que dança como um fio de água que escorre tortuosa entre as pedras encostadas ao meio fio. A chuva que a pouco cessara ainda produzia alguns murmúrios nas folhas das árvores, o asfalto ainda brilhava e os pneus dos carros ainda levantavam uma névoa ao passar.
O ônibus se aproxima, ele solta o cigarro e fica observando até o momento que alcança o chão, ouve o som da brasa que se choca à água misturado ao barulho do motor que se aproxima, pisa na bituca, esfrega contra a calçada e ainda vê, antes dos degraus do ônibus que a porta aberta já permitia visualizar, a espuma daquela ponta de cigarro absorvendo aquele líquido que ia, aos poucos, sendo consumido pelo cimento.
Entra no coletivo, o piso metálico está escorregadio, ou seria a sola do seu velho sapato que a pouco esmagara aquela bituca? Diz boa noite ao cobrador, passa a roleta, observa rapidamente as poucas figuras tristes sentadas em seus mundos, procura um lugar para si, a vista pela janela mistura a visão das ruas vazias do itinerário com o reflexo do seu rosto, chega ao terminal, desce do ônibus, caminha vagarosamente até a saída.
Andando pelo centro velho da jovem cidade pensa no que vai dizer ao chegar, como de costume caminha olhando para baixo, observa as peripécias das gotas que são atiradas pelo movimento dos pés, na praça, ao lado da catedral, michês fazem o ponto à espera do próximo distinto senhor, chefe de família e pai de dois lindos filhos de olhos azuis, continua...uma fina garoa começa a cair, fecha o moletom, coloca o capuz, acende um cigarro, traga e pensa no que vai dizer.
Para na frente do prédio, olha para o interfone, desiste! Não! Vai apertar, a chuva começa a ficar mais forte, atravessa a rua e se abriga em baixo de um toldo, olha para o oitavo andar, luzes acesas, por instante pensa ter visto algum movimento, na sacada aparece um casal, conversam por alguns instantes e voltam, uma a uma as luzes começam a se apagar, exceto a do segundo quarto que se mantém por alguns minutos e então é apagada. O mundo cai a seu redor, a chuva cai a seu redor, se levanta agressivamente e acelerado toma um caminho qualquer e anda, não pensa, apenas anda. As peripécias das gotas atiradas pelo seu velho sapato, que até então lhe divertiam, são completamente abandonadas a sua própria sorte.