quinta-feira, julho 27, 2006

entre a pedra de gelo e o copo, duas doses de conhaque.

sexta-feira, julho 21, 2006

Nicotina.


"uma das poucas coisas que valem a pena na vida", ou alguma coisa assim, é uma das falas no filme, o cigarro, um dos personagens centrais da trama.

domingo, julho 16, 2006

sem título.

tem um aperto que não sai aqui do peito
alguém tem uma chave de boca ae?
pra ver se afrouxa.
Ou só a boca.
pode ser sem batom.
talvez seja melhor uma chave de fenda.
alguém tem?
ou só a fenda mesmo.
uma grande fenda
que nunca tenha fim
que se possa cair apenas,
pra ver se esse aperto cansa de mim.
cansado estou eu,
de mim
de apertos.

domingo, julho 09, 2006

requiém para uma época

Andava cada vez mais saudoso aquele moço. No fundo da xícara, já quase sem café, o reflexo dos seus olhos diz pra ele que é hora de voltar. O cinzeiro a transbordar angústias. Anda cansado das tais letras científicas aquele moço, não encontra nelas nada além de angústias outras. Pensa em voltar pra seu mundo aquele moço, para seu balcão amarelo. Essas músicas de cultivar tristezas lhe corroem as entranhas de tal modo que lágrimas não param mais de salgar seus lábios. O domingo é cinza para aquele moço, cinza e lento, escorre vagarosamente pelo vidro da janela do décimo primeiro andar. Não sabe bem aquele moço, passa longos momentos a olhar para o silencio das coisas e das ruas, a vida pulsa lenta em suas veias.

Entra no elevador e sua imagem se espalha pelos três lados espelhados, não se olha pelos longos onze andares, pela rua caminha a observar os pés aquele moço, como se os onze andares inteiros pesassem sobre seus ombros, não dedica seu olhar, nem às pessoas que cruzam seu caminho, nem às paredes que lhe apertam em ruas estreitas, anda a querer paisagens outras aquele moço, e anda a desejar pessoas de anteontem, das épocas de caminhadas entre lagos e morros do norte, da terra vermelha, do silêncio dividido com os latidos dos cães nas madrugadas frias regadas a conhaques e delírios, a paixões e putarias, anda saudoso aquele moço, quer falar mal de seu bar preferido de balcão amarelo, quer reclamar dos amores ao lado de Gertrudes acompanhados de cigarros e ypioca. Quer aquilo que nunca mais vai ter aquele moço.

Andava a pensar muito em tempos outros um tal moço, pensa em épocas que caminhava por vales floridos, quando pecava atrás de capelas, quando havia Ramones e coisas Desordeiras, aquele moço anda com saudade de quando ele era eles. Malandro é malandro e é mané aquele moço, mas não é o mané da ilha, é o mane da vila, dos lagos, dos bares, é mané do calçadão, das antigas.

Mas o que aquele moço sabe mesmo, e isso é que lhe aperta o estomago, é que o lago nunca mais será o mesmo, os bares estão a se desmontar e vão ficar lá no seu passado, o cinzeiro vai continuar transbordando tristezas e os amigos, onde quer que forem, estarão sempre lá, dispostos a conhaques, a choros e risos. O que aquele moço sabe é que seu lago será sempre o mesmo.

sexta-feira, julho 07, 2006

então, não sei não, mas acho que o cara ta perto do surto.
pode falar, fala ae ô. a cala a boca vai.
tem vontade de gritar, mas também de ficar quieto, no silencio absoluto. quer correr e dormir.
quer ser só. mas quer casar. mas uma bicicleta seria bom para ele, ou seria melhor uma cerquinha branca.
outro trago, outra lágrima, e mais de meia hora a olhar para o teto.
a casa inteira para ele. Vazia. Como ele.

difícil não chorar, anda a olhar em demasia para os pés.

segunda-feira, julho 03, 2006

quero ser pobre a vida inteira.

pois é. Um dia ela vira pra ele, diz que nunca entendeu muito bem aqueles seus momentos de humor azedo, quando tudo ia bem. E agora que tão fudidos, ele ta sempre a gracejar. Pois ele também sabe não, engraçado, mas tinha era vontade de ser pobre e fudido, comprou um cavaquinho com o último tostão, sabe tocar não, mas o tal cavaquinho ta sempre embaixo do braço, cheirando a suvaco, o uísque deu lugar à cachaça, o jazz ao samba, agora ta se achando porque é pobre, acha bonito.
só se for personagem mesmo, porque na película, ou nas letras, é romantico ser suvaquento, quando criança remelento, pegar a condução cinco da matina e bater cimento, quero ver se for pra valer, dia após dia. to tranquilo, quero é uisque mesmo, jazz em um lugar elegante, pois é, pequeno burguês mesmo, e daí.