terça-feira, maio 30, 2006

a não dança

a todos aqueles que um dia recusaram uma dança e deixaram uma mão qualquer estendida, e decepcionada, no ar...

É só uma dança meu bem, não pense mal de mim, não é só porque te quero assim, despedida da moral de meios e fins, que não posso querer você para bailar, corpos a girar porque o mundo está assim também querida, a rodar. Aos conhaques que brindamos, aos prazeres mundanos, aos meios por eles mesmos, à dança por ela mesma, à sensualidade por si só, mesmo eu, tão cientista e conservador, me dou ao direito de ser assim, por momentos a só me importar com os próprios. Ora querida, qual o problema de corpos a bailar por salas quase escuras, alienar-se dos sentimentos externos, do mundo inteiro, para ficar assim, a viver a dança nela mesma, por ela mesma, sem poréns, nem depois, tampouco antes, é só um momento que se deixou de viver se não bailou.

sábado, maio 27, 2006

cigarros, conhaque e amores.

O dia muito claro, desses de céu muito azul e de crianças brincando na praça, os olhos contornados pelo lápis preto, meio borrado, não sabe se pela noite mal dormida ou pelas lagrimas mal resolvidas. Anda com dificuldade de abrir os olhos e com ressaca de cigarros, conhaque e amores, chega em casa e se despe vagarosamente e com dificuldades deita-se e dorme novamente. Acorda no meio da tarde muito clara e azul, dessas que as crianças brincam felizes na praça, anda meio lento pela casa, tenta fumar um cigarro e não consegue, pensa em comer e não tem nada, para na sacada e fica olhando pro céu azul, muito bonito. E sente uma saudade tão doída que prefere deitar e fechar os olhos pra vê se passa, olhos borrados pelo lápis preto, céu azul, ressaca de cigarro, conhaque e amores...

sexta-feira, maio 12, 2006

dizem os ditos.

pois é assim mesmo, andar a olhar bitucas pelo chão, com palpebras a pesar, com pesares. As coisas devem melhorar, é o que dizem, sempre melhoram, mas dizem também que pra ruim não tem limite, acho que fico com a última. Mas não é de todo mal, tem momentos que são bons, tristeza não tem fim, felicidade sim, esse sim é um belo dizer. Mas é assim que a gente vai indo, a dar uns tragos vez em sempre, que sem um cigarro ninguém sigura esse rojão, não é não? Nem precisa me responder. É sim! eu vou andando sabe, a olhar pro chão, que olhar pra cima corre o risco de cair em um buraco, ou pisar na merda mesmo, que o que mais tem é cagada por ae. Eu tenho as minhas próprias inclusive, mas é isso, vou fumar um cigarrinho antes de dormir, que sabe como é, amanhã é outro dia.

quinta-feira, maio 04, 2006

meio que sem querer

Troca beijos com a solidão e lhe sorri assim, meio sem querer, meio sem jeito de dizer: que só por ela é que crê. Pois vai continuar assim, meio que sem querer, a sorrir, não consegue esconder o que seu olhos insistem em falar, que amar é mesmo assim, sem compromisso, sem desperdício, sem querer mas sendo assim, sempre meio quase que, promíscuo, mas o que se pode fazer se é por ela que se faz viver, por ela, pela solidão, que lhe afaga e que lhe da esse colos quentes e sensuais de curvas de perder o rumo, fica de quatro aquela solidão, abra as pernas assim mesmo sem receio de diversões passageiras, pobre moço que vai se perder em seus lábios, ela é mesmo assim, consome seus homens por inteiro sem lhes ter o menor respeito. Pobre moço, quase sempre assim, quase quieto, de pequeninos olhos castanhos sempre a brilhar enquanto se delicia entre as pernas de sua amante, e fica sempre assim, em seu quase sorriso, dessa sempre quase alegria perdido na constante companhia de sua depravada amiga solidão, pois ela não o deixa nunca. Maldita.