segunda-feira, março 26, 2007
Não consegue sair do lugar. Abre os olhos mas não se mexe, apenas os cílios a se movimentar e um pouco de saliva que escorre com dificuldade goela abaixo. Não sente dor, do rádio vem uma linda voz, canta tristezas de um amor que se foi. É uma linda voz. Acorda novamente, mas não se mexe, ali estático já não sabe mais se esta a sonhar. O quarto ainda escuro, a luz com dificuldade se espreme entre as breves frestas da persiana. Não consegue sentir o corpo, o ar quente, abafado, o suor escorre, sente o lençol úmido. Só pode estar dormindo, é o que pensa. Por que não consegue se mover, ainda há pouco deitara. Será que no sonho se esqueceu que não andava, será que sonhou que chegou naquela cama andando e agora acordou ali vegetando como sempre esteve. Convencido de que estava paralítico não se conforma, deseja a morte com tanta força que começa a lhe faltar o ar, morte provocada com a força do pensar, será possível? Mas se aquilo tudo for um sonho. Ninguém morre em sonho é o que pensa, então quando estiver a morrer eu vou acordar, é assim que acontece nos sonhos, a gente acorda antes da morte. Nunca acordou. Ou nunca deixou de sonhar.
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