segunda-feira, junho 26, 2006
cheiros e choros
Procura no fundo de copos vorazmente esvaziados algo de substância que ocupe o lugar daquelas palavras doces quase infantis, nas faces ao redor procura traços quase orientais, de olhos quase verdes quase castanhos. Quando quase bêbado se joga no colchão que quase perde o seu cheiro, que quase a torna presente, é quase capaz de ver aqueles olhos tão completos compostos por quases.
Tenta não se perder entre seus desejos e a apatia da tela da tv ou do teto, procura esquecer que existem copos para esquecer, desiste de procurar olhos assim, completos de quases, as lágrimas não vão parar, o cheiro do sexo vai passar, ficara o teto para olhar, ecos de palavras doces quase infantis de quem já tem filho pra criar, ficarão lágrimas lentas a brilhar em noites vazias de um mundinho cada vez mais indolor, incolor, sensato e comum.
O bichão bravo vai continuar a bater sobre as pedras sem ninguém a se encantar, os dias vão passar e o sorriso quase verdadeiro vai ter no fundo a tristeza do mal de lonjura, o doce amargo do café e o tabaco do cigarro do rock ajudam a levar a falta do bem querer (queridíssima), só mais umas, entre outras fugas quaisquer. Ficam os planos românticos do bar preferido e da cidade encantadora. Ficam a saudade e os olhos sempre úmidos.
Conto para dois, só para nós dois querida.
sábado, junho 03, 2006
estranho.

As
quinta-feira, junho 01, 2006
conversa com Gertrudes.
e como vão os amores Gertrudes?
Gertrudes da Silva diz:
ai elias
Gertrudes da Silva diz:
nem me fale
Gertrudes da Silva diz:
nem me lembre
Gertrudes da Silva diz:
das minhas desgraças
Gertrudes da Silva diz:
então
Gertrudes da Silva diz:
to afim de um menino q tem namorada
Gertrudes da Silva diz:
e não me qr
Gertrudes da Silva diz:
dai tem outro
Gertrudes da Silva diz:
bem cumprido,
Gertrudes da Silva diz:
bótemo
Gertrudes da Silva diz:
q sumiu
Gertrudes da Silva diz:
não me qr tb
Gertrudes da Silva diz:
e eu larguei da ypioca
Gertrudes da Silva diz:
o q siguinifica q estou muito a sofrer.
a dança.
Enquanto o primeiro acorde ainda ecoa pela sala quase iluminada ele a pega pela mão e a conduz até o centro e passa a mão, vagarosamente, pela sua cintura e a aperta contra seu corpo. Suavemente os corpos, ao balançarem, se encaixam. No primeiro giro os pulsos se confundem um no outro e os corações, acelerados, dançam sozinhos. Suas mãos escorregam pelas costas dela até alcançarem os braços que são levados ao pescoço dele, ela sente o cabelo dele entre seus dedos e, levemente, percorre sua nuca, orelha, face. Com seus lábios ele brinca entre o pescoço e a orelha dela, sua mão encontra o primeiro dos três laços que prendem a blusa da formosa dama, no segundo giro o primeiro laço é desfeito enquanto os corpos e o pulso, cada vez mais, se confundem. O terceiro giro, o segundo laço, e as unhas dela escorregam por suas costas por baixo da camisa listrada. Enquanto o último acorde de Time is on my side ainda ecoa pela sala quase iluminada, o terceiro laço é desfeito e os lábios quase se tocam, em uma crônica de um beijo anunciado.