terça-feira, setembro 12, 2006

tetos brancos

Aquele moço, se prometeu dedicação a tempos outros, pensou assim com seus botões: - vai ficar a olhar menos para os tais tetos. Dedica-se com intensidade é verdade, mas as coisas todas, se deita os olhos com afinco em letras científicas, detêm-se com demasiado vagar na tinta branca do teto.
Poderia dosar melhor as coisas o tal moço, vagar mais na tinta preta sobre o branco do papel, mas sei não, lhe encanta o lirismo desses tetos iluminados em longas noites de pálpebras pesadas.
Essa mania de se prometer vai pintando de branco certos fios negros de sua cabeça, logo seus dentes vão começar a amarelar de café e cigarros, suas costas vão envergar ainda mais, suas prateleiras vão ficar repletas de letras científicas e vai continuar a se prometer coisas outras, parece que o que afaga mesmo aquele moço, é a possibilidade de vagar por tetos brancos.

3 comentários:

Anônimo disse...

Hoje não olhei para os tetos brancos - hoje, agora, estou me esforçando pra não deixar o chão me engolir, buraco muito negro e movediço.
Um das noites mais difíceis - dor sem teatro, sem performance, sem amigos. Tenho uma agenda com alguns telefones: não tive coragem de ligar pra ninguém, só alguns torpedos que não vieram aqui (ou talvez nunca tivessem saído daqui...)
É que meus manos e manas são pro 'oba-oba' - Graças à Deus!, mas só que hoje morri sozinho, muito só, mesmo; e não foi bom, mesmo.
Mesmo, assim, aqui, me desculpe encher de merda essa caixa pra comentários - mas é que isso acalma minha morte...

Anônimo disse...

em mim.

Anônimo disse...

lindo!