alguém me mandou esse texto, por enquanto de autoria anonima, vejam ae o que voces acham...
Há muito tempo ela fazia aquele caminho de volta pra casa. Desde que sua mãezinha (que Deus a tenha!) era viva. Agora estava só, havia alguns anos, na velha casa. Filha única e solteirona, costurava para fora, para algumas velhinhas do bairro, conhecidas de longa data, aquelas que ainda compram tecidos e mandam fazer suas roupas. E aos domingos, era à missa que aquela balzaquiana ia, com passos apressados, bíblia embaixo do braço e coque bem feito preso com grampos e lenço. Não era feia mas não chegava a ser bela. Pode-se dizer que as roupas não lhe ajudavam na aparência, sempre de cores sóbrias e tecidos grossos.
Há alguns meses tivera que mudar o trecho percorrido de volta pra casa. Como freqüentara a missa das sete, saía da paróquia já de noitinha e sentia medo ao passar por uma antiga construção abandonada em que alguns mendigos passaram a morar. Nunca se sabe né, esses homens sujos, bêbados, devem ser uns tarados, pensava ela. E a fim de preservar sua integridade física e moral, a jovem senhora andara duas quadras a mais, contornando uma praça para chegar até sua casa.
Na rua íngrime em que subia para ter acesso à praça havia um luxuoso edifício, de grades altas e jardim bem cuidado. Bem próximo à calçada havia uma guarita, mas o vigia do prédio nunca estava lá dentro e sim de pé encostado ao portão, rádio ligado e cigarro entre os dedos. Era um senhor, de cabelos quase todos brancos, bigode espesso e pele morena. Devia ter uns cinqüenta anos. E todos os domingos, assim que ela virava a esquina, ele estava lá, como a lhe esperar. Nunca ousara olhá-lo diretamente, só rapidamente antes de chegar em frente ao prédio. Mas suas mãos suavam friamente, seus pés tremiam em cima do salto impedindo seus passos de se apressarem.
O homem ficava a lhe fitar intensamente e as luzes do edifício pareciam fazer piscar o perfil daquela mulher, num jogo de claro e escuro entre as sombras das grades que corriam por seus olhos. Numa noite de domingo, em que alguns chuviscos caíam sobre a cidadezinha, lá estava ele a esperá-la. Logo pensou que ela viria com uma sombrinha e que não lhe daria chances de descobrir nem um pouquinho mais daquele rosto misterioso. Ela surgiu na esquina, somente a bíblia debaixo do braço. O corpo já estava molhado, os cabelos estavam soltos e ela vinha a passos mais lentos do que de costume. No pisca-pisca das grades, ele viu seus olhos a olhá-lo e um tímido sorriso no canto da boca se fez depressa. Ao se cruzarem em frente ao portão, ela sentiu além do cheiro da fumaça do cigarro, sentiu sua respiração.
Apressou-se novamente, com gana de estar em casa o mais rápido possível. Naquela noite, Alice não adormeceu no sofá em frente a tv e esqueceu-se engomar o saiote de Dona Idalina. Dormiu em sua cama, com as mãos a lhe acariciar os seios e as coxas, a passear por dentro da calcinha e a encharcar os lençóis.
Um comentário:
bom..muito bom, uma mistura de timidez, sensualidade e desejos femininos...
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