O corpo balança, as brasas dos cigarros riscam o escuro e os olhos ardem com a fumaça, o mundo gira a seu redor, as pontas do seu cabelo molhado pelo suor grudam pelo pescoço e pelo rosto, os pelos dos braços se arrepiam e tudo que faz é dançar até se esgotar. Quando a música para se da conta que é dia e a festa já não mais existe.
Volta caminhando, o céu começa a avermelhar e os primeiros raios de sol atravessam a noite já clara, os primeiros trabalhadores passam e invejam aquele lento andar próprio dos que não tem qualquer compromisso. Para na padaria e compra uma água e um maço de LM (o cigarro do rock), toma a garrafa de uma vez só e acende o primeiro cigarro do dia, ou o último da noite?
A manhã é quente e o sol forte, mais um trabalhador passa de bicicleta e lhe lança um olhar, não de inveja, mas de reprovação, como se dissesse: quanta vagabundagem. Tava na cara, nas roupas e no sorriso que voltava de uma bela gandaia, desfilava pelas ruas como se fosse uma passarela, seu papel? Seu papel é aquele que toda mãe não quer para a sua cria: o da irresponsabilidade, vadiagem, promiscuidade e etc.E como representa bem, representar não é bem o termo, e como vive aquilo bem, dança incrivelmente, trepa alucinadamente, toma porres homéricos, fuma desesperadamente, nunca teve um emprego sequer, joga sinuca como ninguém, existe simplesmente para diversão irresponsável, aos vinte e tantos anos da aula de malandragem e nem colegial terminou. E assim vai levando, e não há em toda boemia, homem ou mulher, que não a conheça, ela é conhecida por um nome simples, não se sabe se é o verdadeiro, mas a chamam de Amélia.
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Um comentário:
Amélia por ser escrava da boemia?! Minha ídala.
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