terça-feira, janeiro 10, 2006

cliche

Quando eu era jovem tinha uma imagem de rebeldia, e assim eu queria ser, rebelde. Rebeldes deviam ter longos cabelos então deixei crescer, deviam ouvir rock e fumar cigarros, hoje fumo compulsivamente. Mas precisava de uma causa, familiar não dava a minha é ótima. Tava ficando meio hippie, mas essa não é minha época, as garotas já usavam camisinha e pílula e o rock já não assustava ninguém, precisava de uma causa ou cortar o cabelo.
A política. Aí estava uma bela causa, lutar contra a pobreza e as injustiças sociais. Então conheci Che Guevara e o comunismo, pronto ai estava, seria um rebelde comunista revolucionário. Chegou a época do vestibular pra classe média, lá estava eu fazendo prova pra Ciências Sociais. Universidade, Centro de Ciências Humanas, ali esperava encontrar meus companheiros de revolução, rebeldes de todos os lados prontos para o mundo, tamanha foi a decepção quando vislumbrei aquele mundo, de um lado o bom e velho universo esfumaçado hippie, de outro um belo universo conservador de homens e mulheres a busca de seu diploma e do melhor salário. Claro que a dicotomia não era tanta.
Ta, entre tudo isso temos os estudantes engajados, política estudantil, DCEs, CAs, e etc. Comunistas de plantão, anarquistas, niilistas, ora, então lá vou eu me procurar, afinal ainda era rebelde e já tinha até uma causa, era só escolher as armas, pois bem, acabei tentado ao anarquismo. Tentei ainda sou um quase anarquista mais pra reformista mesmo.
Agora eu quero ser cientista rebelde, tenho muitas causas pra ser rebelde, tenho cabelos até que compridos ainda, se bem que com esse calor da muita vontade de cortar. Mas fumo e aprendi a tomar café, é eu sou bem rebelde diplomado. Pode acreditar, eu sou sim, sou cabeludo e fumo cigarro, se isso não é ser rebelde o que é então? Eu sou, eu sou, eu...

Nenhum comentário: