quarta-feira, janeiro 04, 2006

vitral

Do passado ainda tão presente ficam muitos sons, cheiros e gostos. O gosto preto do café, o cheiro cinza do cigarro, os sons ébrios do rock. No futuro penso em ir pra capital, queria ver se ainda existem malandros que carregam navalhas, será? Sei não. Penso em ir para terras distantes também, lá pra depois das fronteiras. Vou ver muito o mar por uns tempos, vai ser bom isso, quando velho vou dizer que la no meu passado muito distante vivi no mar, vou falar pro netos que era marinheiro e que vi muitas baleias e piratas. Passado, presente e futuro se misturam num deslumbramento bem humano, circulam em minha mente e se desfazem entre a fumaça do cigarro, que nesse momento, se mistura à do café bem preto. São sons, cores e gostos que ficam aqui misturados ao tempo e ao circular conciso dos ponteiros do relógio. Confuso. Imagens dispersas no espaço, cinema, filme, negativos, isso, negativos expressam bem esses sentimentos, melhor ainda, slides, slides da vida, será que acontece isso quando nós morremos, talvez tudo passe como slides na nossa cabeça. Quando ando na rua com fones de ouvido, sempre passo a fazer parte de um filme, as coisas passam em quadrantes pela minha retina, meu cotidiano é um filme longo e lento, o passado é curto, sobre o futuro só mesmo perguntando aos orixás. Tempo, eis um mistério, o tem pó pra mim é parecido a um mosaico, a um vitral, um oscilar entre a alegria e a tristeza presente em qualquer vitral nos seus mosaicos, tenho sempre a sensação de que o passado vive melhor em vitrais, por mais novos que sejam ali esta o passado sempre presente a nos dizer algo.

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