quinta-feira, janeiro 12, 2006

sem rancor

Parado! Assim, quase que estático frente ao seu olhar estarrecido e por aquelas palavras que, por si só, eram vomitadas sobre ele. Não o culpo por merecer cada um dos sentidos expressos, não me culpo por te falar cada coisa que a anos me apertava a garganta a cada humilhação tua, eu sei que era portador de teus mais caros ascos, eu sei que merecia cada vez que me alfinetava com o fel todo teu. Mas agora não mais engulo seco, vomito nesses pés que tanto me pisaram e que tanto beijei.
Não consigo mais, não que o desejo seja menor agora que nos primeiros tempos, talvez seja porque seus olhos não brilham mais a cada ofensa tua, enquanto ainda via emoção naquelas palavras não conseguia sequer respostas, mas agora são tão pobres seus bravios infames que me parecem sem vida, sem raiva, sem nada, ah e isso eu não suporto. Falta de sentimento e emoção não tolero, quero amor ou ódio.
Se for me ofender o faça com força no olhar e desprezo na vós ou cale-se, a quase cinqüenta anos que tenho meu peito e garganta sufocados por suas torturas, agora nem isso consegue mais, nunca foi capaz de me amar, pois tolerei seu ódio que era verdadeiro, agora que nem isso mais pode me conceder não te tolero mais, quero que saia ou mato-te, mas como sair não pode corto tua garganta e fico a observar seu sangue escorrendo e umedecendo os lençóis dessa cama.
Cama essa que tanto usou pra tomar meu corpo de forma tão enfurecida, nunca foi capaz de demonstrar carinho, mas me possuía com toda a raiva tua, admito que sentia prazer no teu pau me penetrando furiosamente, sentia a vida pulsando em suas veias, mas agora nem meu corpo mais te interessa, agora que você esta ai jogado imóvel nessa cama, não tem forças nem pra desfeitas, esse olhar sem brilho, ah isso eu não tolero, acho que vou cortar a sua garganta.
Veja essa faca, lembra quantas vezes já me ameaçou com ela, lembra quando você a encostava em meu braço e falava pra eu sentir o metal gelado, e fazia um pequeno arranhão na minha pele com a sua ponta e me pedia pra engolir o choro, quando via as primeiras lágrimas a escorrerem dos olhos de pavor. Veja agora, sinta o metal gelado na sua garganta, esta sentindo, será que o senhor é capaz de sentir alguma coisa. Esta sentindo a lamina que começa a penetrar sua pele, eu já consigo ver o sangue a escorrer, agora sim vai escorrer mais rápido, o corte já é fundo, vou gostar de observar o lençol a ficar rosa e depois vermelho, quer que eu beije seus pés agora meu senhor, não é capaz de me exigir mais nada. Se eu soubesse que me daria tanto prazer te ver sangrar assim feito porco no abate já teria feito antes, mas vai me dar um trabalho danado limpar essa sujeira toda, lembra que me exigia tudo na mais cândida limpeza. Pois bem vai estar tudo um brinco quando seu caixão chegar, e vou mandar por em você aquele terno que nunca usou mas me fazia engomar toda semana, e os sapatos vão estar engraxados como gosta, não se preocupe meu bem eu vou limpar esse sangue todo também, tudo vai estar ao seu gosto, como sempre.

2 comentários:

thais regina disse...

putz... parece cena de filme de época..
olha, cabeliasbar, poucos são os da sua espécie que compreenderam tão bem o sentimento de vingança de uma mulher-fêmea torturada.
Cuidado com esse conhecimento, para essa droga, meu caro amigo, não se faz antidotos.
uma vez provada eternamente dependente!

Anônimo disse...

imaginei dois homens