terça-feira, janeiro 03, 2006

então ta.

Ele diz: então ta. Vira-se e entra no ônibus, sem grandes frases dessa vez, sem grandes promessas dessa vez, sem lágrimas dessa vez, apenas um então ta, poderia até acrescentar um: agente fica assim então, logo agente se vê. Mas não sabe como vai ficar, apenas vai embora como tantos outros que se vão uma hora ou outra. Não se vira para trás nem acena pela janela, sem grandes cenas dessa vez, talvez assim doa menos, apenas um então ta.
Enquanto os pneus rodam pelo asfalto ainda mais negro que a noite, no interior do ônibus o silêncio só é interrompido pelo som da lágrima rolando pela face, agora só. Assim vai atravessando a noite, pela janela observa alguma coisa que a lua permita, um verde muito escuro quase negro, uns pontos claros de uma ou outra luz de casinhas no meio do nada.
Sem conseguir dormir tudo o que queria naquele momento era a companhia de um cigarro e um conhaque, sem esperanças nem de um nem de outro fecha os olhos e tenta não pensar em nada. Adormece.
Acorda com o ônibus já parado em um posto na beira da estrada, desce e acende um cigarro entre pessoas com caras e roupas amassadas, termina o cigarro e acende outro como se quisesse acumular nicotina no corpo, sente um pouco de frio e a primeira ponta de saudade de sua antiga vida. Nova cidade, novas pessoas, então ta, é o que ele diz em voz alta, poderia até acrescentar um: vamos ver no que vai dar, mas prefere só um então ta. Simples.

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